Você.
Quando eu jamais achei digno do meu querer.
terça-feira, 19 de novembro de 2013
domingo, 6 de outubro de 2013
O vento frio de sol bonito e eu na esperança colorida de te
encontrar inesperadamente na esquina, como se o destino estivesse mais uma vez
interferindo por nós. Aquele destino antigo, fruto de escolhas ancestrais, que
veio explodir num momento como outro qualquer de um dia como outro qualquer. E
foi você quem falou de destino nesse dia em que estive afogada nos seus
olhos-cor-do-mar e tudo parecia tão fora do nosso alcance que as suas ondas me
arrastaram com fúria de ressaca. Só esqueci de te contar que eu nunca soube
nadar.
terça-feira, 24 de setembro de 2013
Is there something I can send you from across the sea?
No meu potinho da saudade guardo aquela que você deixou
quando peguei o avião de volta pra casa. Nossa liberdade de apenas sermos
intensidade enquanto o tempo permitisse ficou pra sempre na lembrança. E de vez
em quando abro o potinho da saudade e me dou conta de que ela é maior do que o
tamanho do oceano que ficou entre a gente. Se eu fosse maior do que o mundo
empurraria os continentes para que ficassem bem pertinho e dividíssemos meus
dias azuis de calor com os teus dias cinzas de frio. Mas o único presente que
eu posso te dar são aquelas spanish boots of spanish leather que você cantou
pra mim.
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Então eu disse que iria me abrir pro Universo e libertar
aquela angústia de amor apegado, que não deixa ir. “Let it go”, disse ele, e na
hora de soltar as correntes ele veio até mim como uma coisa inesperada, dessas
que a gente só vai entender para-quê(?) vieram quando o relógio já estiver
cansado de contar as horas. O que são alguns dias para quem sufocou por uma
década? Uma coisa espiritual e carnal sem nos tocarmos, no entanto. Conexão-calor
no coração. Uma sexta-feira quente e quando ficou fria ele me emprestou o
casaco – eu queria era um abraço. Um presente de encantamento. E eu tentando contornar a vontade de olhos azuis. Uma pinta marrom no canto do olho;
reflexo do meu olhar castanho de querer. A pele morena de índio, meu índio da
adolescência. Mas o Universo falou comigo, ele disse para não parar de caminhar.
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
Não acredito mais. Não acredito nessa "tática" PSTU de conquistar as massas, revolucionar as mentes do proletariado... Esse blábláblá comuna histórico. Quem pensa demais nas táticas faz de menos. Esse estado de insatisfação que vivemos hoje foi gerado por muitas políticas públicas "pensadas" para a próxima eleição, para os bolsos, para o ego, para o capital. O inimigo é o capital, sim, mas tudo o que está aí proposto como alternativa não questiona o capital. É tudo muito sujo. Em junho vimos que os cus dos governantes ficaram bem apertadinhos e que o povo enfurecido nas ruas faz tremer, sim. Você não ficou apreensivo quando botaram fogo em frente ao Itamaraty? Eu fiquei. Um misto de preocupação com admiração. Como diz no texto do Quadrado dos Loucos, essa coisa do "bom manifestante (i.e., dócil, cara-pintada, anticorrupção, bonito)", não faz o menor sentido. Quem se manifesta está puto. A sociedade tá doente, tá podre e querem esconder isso. Os hindus admiram o deus Shiva que é o deus da destruição. Ele destrói tudo, colericamente, para abrir caminho para o novo. Pra mim, a saída tem sido essa: destruir tudo, para o novo surgir. E com isso, a determinação de mudarmos a nós mesmos. O que adianta cobrar do político se a ansiedade, tristeza, angústia e podridão estão dentro da nossa casa, dentro da gente? Se nós, nas nossas vidas diárias, não mudarmos, como cobrar que outro mude? A revolução está na escolha do nosso cardápio do café da manhã, no modo como a gente trata as nossa mãe, na sinceridade com o outro, na liberdade de poder falar o que se sente sempre, em fugir do status quo, parar de viver esse teatro ridículo, parar de interpretar o tempo inteiro. Essa vida é uma grande mentira o tempo todo. A mudança está em eu poder ser o que eu quero ser, em poder falar o que eu quero falar e me dispor a olhar para o meu umbigo e descobrir quais são as minhas falhas, os meus erros. Me olhar no espelho e ver que eu faço parte dessa podridão, que me transformaram num bicho domesticado que eu não quero ser. Está em deixar o carro em casa e usar o transporte público. Em não falar mal do outro. Em não apontar o dedo para o outro. Em amar quem eu realmente amo, que podem ser muitas pessoas ao mesmo tempo. Em fazer dos meus discursos minha prática diária. Tem muito blábláblá na nossa sociedade. As pessoas fazem teorias, falam demais, defendem e acusam demais, mas não fazem nada. Elas levantam cedo para ir trabalhar, almoçam e ficam gordas, daí entram na internet pra escrever merda, e voltam para suas casas falando mal do governo. O mundo não precisa de mais gente pensando nada. O mundo precisa de pessoas mudando efetivamente, em cada minuto de vida. E depredações são apenas uma das maneiras de se colocar pra fora um sentimento de raiva diário que insistem em deixar sufocado. E como diria a Clarice Lispector, "porque há direito ao grito. Então eu grito. Um grito puro e sem pedir esmolas". Eu estou tentando, diariamente. E é sofrido. As pessoas não querem realmente mudar porque a verdadeira mudança requer renúncia, e renunciar dói. Faz sofrer. Abrir mão do conforto. Abrir mão do que é fácil. O difícil cansa. Optar pelo incoveniente faz chorar. Mas é mais sincero. Optar pela ruptura é mais impactante, mas mais libertador.
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
infarto
É um momento único assistir o coração se esvaziar de todo o amor que o fazia pulsar.
De tanto apanhar, ele parou de bater.
Por você.
De tanto apanhar, ele parou de bater.
Por você.
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
E desse meu coração fresco e mole o tempo fez uma pedra
cansada e dura. No tempo seco procuro a água que fura, pois a ausência de amor
traz um respiro cinza e truncado - eu que tanto quis a altivez dos fracos
inabaláveis. E é nessa hora que o medo que não paralisa surge, mas o medo que
pode deixar passar olhos brilhantes. Eu que nunca tive medo de tropeçar, ou de
cair, ou de me esborrachar. Corajosamente medrosa do teu encanto.
terça-feira, 2 de julho de 2013
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Foi assim
Ele me olhou atento, ele me quis fogo, eu te sondei grande, te desejei todo, colamos os lábios curiosos, uma porta se abriu em silêncio, o mistério entrou vasto, ele correu com medo, eu não entendi ingênua, eu te quis dentro, ele voltou entregue, o amor brotou pronto, eu embarquei na viagem desconhecida. E a jornada durou o tempo de curar os corações surrados... A viagem acabou em desacordo, ele bateu na porta ansioso, o amor tinha gosto de melancia, eu te olhei com apreensão, ele me olhou sem amor, ele sorriu em desânimo, ele correu sem fé, eu não entendi pasmada, eu me culpei sozinha, ele calou o coração, ele seguiu marchando, eu tentei em vão. E a vida parecia tomar a forma de vida ideal e os corações remendados... Ele procurou calado, eu voltei muda, pisamos no amor insistente, ele não sustentou a renúncia, eu vacilei em esperança, ele se entregou em fraqueza, tropeçamos duros, eu tropecei tonta, eu tropecei turva, eu tropecei em sonho, eu caí torta, me arrebentei bruta, me arrebentei fraca. E o amor grita mudo e sufocado em sua ânsia de virar a palavra de um coração curado.
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
domingo, 20 de janeiro de 2013
O frio às vezes cinza às vezes azul e a ansiedade subindo e descendo ruas, procurando te perder. Como é que se perde propositalmente aquilo que se encontrou? Perder é sinônimo de querer encontrar e a gente sempre perde aquilo que acredita ser o grande achado. E quando se quer perder o que se achou? Quando não se quer mais ter o que se achou? Se eu te enterrasse, saberia sempre onde te guardei e poderia encontrar você de novo. É como aquele filme do brilho eterno sem lembranças, sabe? Se desse pra encaixotar pessoas como se encaixotam coisas. Aquelas coisas que depois a gente nem lembra que existiam. E eu falo sozinha com você sobre o redemoinho em que acabamos caindo e que pra mim soa como uma piada de mau gosto sua e você, em resposta, acende um cigarro. Olha pela janela, arregala o olho e mira o infinito. Em resposta, se cala. Eu que só sei viver de palavras – me perco, procurando te perder. Já que te achar acabou em frio de céu nublado.
sábado, 19 de janeiro de 2013
Daí vem aquele momento em que você descobre que não sabe mais para que lado da cama virar sem que você pense nele. Lembrar de cada canto do apartamento e do cheiro de cigarro com balas ardidas e violão se tornou um vício. E a saudade é como aquela que a gente sente de gente que morreu, já que as lembranças (boas, disse ele, torturantes, disse eu) se perderam no encaixotar da vida. E às vezes parece que estou no tempo antigo, quando eu esperava ele aparecer na janela para sorrir com olhos de menino. De todo o pouco que não me restou, ando pisando duro pelos corredores, para você nao me ver cair.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
Depois daquele som
Quando a gente dividia as ansiedades você não tinha esse olhar atravessado de angústia. Eu queria aquela sua ânsia de me ter e de meter, quando a gente conversava em silêncio sobre nossa alegria de termos nos encontrado. Depois do avião que foi e voltou, alguma coisa se perdeu em terra ou em mar e que te deixou com essa cara de quem tem o peito dolorido. As costas doem, mas elas somatizam aquilo que tem tomado conta do seu peito, do seu fígado, do seu estômago. E na minha brincadeira de ser adolescente, fico sonhando em ter um dia os seus olhinhos miúdos que me diziam que era eu quem poderia te fazer dormir em paz.
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