segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Não acredito mais. Não acredito nessa "tática" PSTU de conquistar as massas, revolucionar as mentes do proletariado... Esse blábláblá comuna histórico. Quem pensa demais nas táticas faz de menos. Esse estado de insatisfação que vivemos hoje foi gerado por muitas políticas públicas "pensadas" para a próxima eleição, para os bolsos, para o ego, para o capital. O inimigo é o capital, sim, mas tudo o que está aí proposto como alternativa não questiona o capital. É tudo muito sujo. Em junho vimos que os cus dos governantes ficaram bem apertadinhos e que o povo enfurecido nas ruas faz tremer, sim. Você não ficou apreensivo quando botaram fogo em frente ao Itamaraty? Eu fiquei. Um misto de preocupação com admiração. Como diz no texto do Quadrado dos Loucos, essa coisa do "bom manifestante (i.e., dócil, cara-pintada, anticorrupção, bonito)", não faz o menor sentido. Quem se manifesta está puto. A sociedade tá doente, tá podre e querem esconder isso. Os hindus admiram o deus Shiva que é o deus da destruição. Ele destrói tudo, colericamente, para abrir caminho para o novo. Pra mim, a saída tem sido essa: destruir tudo, para o novo surgir. E com isso, a determinação de mudarmos a nós mesmos. O que adianta cobrar do político se a ansiedade, tristeza, angústia e podridão estão dentro da nossa casa, dentro da gente? Se nós, nas nossas vidas diárias, não mudarmos, como cobrar que outro mude? A revolução está na escolha do nosso cardápio do café da manhã, no modo como a gente trata as nossa mãe, na sinceridade com o outro, na liberdade de poder falar o que se sente sempre, em fugir do status quo, parar de viver esse teatro ridículo, parar de interpretar o tempo inteiro. Essa vida é uma grande mentira o tempo todo. A mudança está em eu poder ser o que eu quero ser, em poder falar o que eu quero falar e me dispor a olhar para o meu umbigo e descobrir quais são as minhas falhas, os meus erros. Me olhar no espelho e ver que eu faço parte dessa podridão, que me transformaram num bicho domesticado que eu não quero ser. Está em deixar o carro em casa e usar o transporte público. Em não falar mal do outro. Em não apontar o dedo para o outro. Em amar quem eu realmente amo, que podem ser muitas pessoas ao mesmo tempo. Em fazer dos meus discursos minha prática diária. Tem muito blábláblá na nossa sociedade. As pessoas fazem teorias, falam demais, defendem e acusam demais, mas não fazem nada. Elas levantam cedo para ir trabalhar, almoçam e ficam gordas, daí entram na internet pra escrever merda, e voltam para suas casas falando mal do governo. O mundo não precisa de mais gente pensando nada. O mundo precisa de pessoas mudando efetivamente, em cada minuto de vida. E depredações são apenas uma das maneiras de se colocar pra fora um sentimento de raiva diário que insistem em deixar sufocado. E como diria a Clarice Lispector, "porque há direito ao grito. Então eu grito. Um grito puro e sem pedir esmolas". Eu estou tentando, diariamente. E é sofrido. As pessoas não querem realmente mudar porque a verdadeira mudança requer renúncia, e renunciar dói. Faz sofrer. Abrir mão do conforto. Abrir mão do que é fácil. O difícil cansa. Optar pelo incoveniente faz chorar. Mas é mais sincero. Optar pela ruptura é mais impactante, mas mais libertador.

Nenhum comentário: