sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Saudade do caralho
seu

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Foi assim

Ele me olhou atento, ele me quis fogo, eu te sondei grande, te desejei todo, colamos os lábios curiosos, uma porta se abriu em silêncio, o mistério entrou vasto, ele correu com medo, eu não entendi ingênua, eu te quis dentro, ele voltou entregue, o amor brotou pronto, eu embarquei na viagem desconhecida. E a jornada durou o tempo de curar os corações surrados... A viagem acabou em desacordo, ele bateu na porta ansioso, o amor tinha gosto de melancia, eu te olhei com apreensão, ele me olhou sem amor, ele sorriu em desânimo, ele correu sem fé, eu não entendi pasmada, eu me culpei sozinha, ele calou o coração, ele seguiu marchando, eu tentei em vão. E a vida parecia tomar a forma de vida ideal e os corações remendados... Ele procurou calado, eu voltei muda, pisamos no amor insistente, ele não sustentou a renúncia, eu vacilei em esperança, ele se entregou em fraqueza, tropeçamos duros, eu tropecei tonta, eu tropecei turva, eu tropecei em sonho, eu caí torta, me arrebentei bruta, me arrebentei fraca. E o amor grita mudo e sufocado em sua ânsia de virar a palavra de um coração curado.
pela manhã
nada na boca
que não seja você
água na boca

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

essa risada larga
é pra poder voar
sem cair
depois que você levou o chão

domingo, 20 de janeiro de 2013

O frio às vezes cinza às vezes azul e a ansiedade subindo e descendo ruas, procurando te perder. Como é que se perde propositalmente aquilo que se encontrou? Perder é sinônimo de querer encontrar e a gente sempre perde aquilo que acredita ser o grande achado. E quando se quer perder o que se achou? Quando não se quer mais ter o que se achou? Se eu te enterrasse, saberia sempre onde te guardei e poderia encontrar você de novo. É como aquele filme do brilho eterno sem lembranças, sabe? Se desse pra encaixotar pessoas como se encaixotam coisas. Aquelas coisas que depois a gente nem lembra que existiam. E eu falo sozinha com você sobre o redemoinho em que acabamos caindo e que pra mim soa como uma piada de mau gosto sua e você, em resposta, acende um cigarro. Olha pela janela, arregala o olho e mira o infinito. Em resposta, se cala. Eu que só sei viver de palavras – me perco, procurando te perder. Já que te achar acabou em frio de céu nublado.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Daí vem aquele momento em que você descobre que não sabe mais para que lado da cama virar sem que você pense nele. Lembrar de cada canto do apartamento e do cheiro de cigarro com balas ardidas e violão se tornou um vício. E a saudade é como aquela que a gente sente de gente que morreu, já que as lembranças (boas, disse ele, torturantes, disse eu) se perderam no encaixotar da vida. E às vezes parece que estou no tempo antigo, quando eu esperava ele aparecer na janela para sorrir com olhos de menino. De todo o pouco que não me restou, ando pisando duro pelos corredores, para você nao me ver cair.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Depois daquele som

Quando a gente dividia as ansiedades você não tinha esse olhar atravessado de angústia. Eu queria aquela sua ânsia de me ter e de meter, quando a gente conversava em silêncio sobre nossa alegria de termos nos encontrado. Depois do avião que foi e voltou, alguma coisa se perdeu em terra ou em mar e que te deixou com essa cara de quem tem o peito dolorido. As costas doem, mas elas somatizam aquilo que tem tomado conta do seu peito, do seu fígado, do seu estômago. E na minha brincadeira de ser adolescente, fico sonhando em ter um dia os seus olhinhos miúdos que me diziam que era eu quem poderia te fazer dormir em paz.
Maybe you're the guy amazed
but you don't know how to escape
Your world is like happiness
but you don't know how to start
You run away from the loneliness
but all you've got is a cave
It doesn't matter all the bricks
the cave is deeply dark