quinta-feira, 26 de julho de 2007

A sensação do desconforto

Um mundo frenético, em que o espaço e o tempo são relativos. O que antes parecia longínquo e inalcançável agora suscetível ao toque de nossas mãos. Não sei o nome do meu vizinho e ao menos sei quem ele é, seu rosto pode ser como o de qualquer transeunte das grandes cidades, se confundindo por entre os passantes apressados. Você já parou para pensar na distância que há entre você e o homem que está sentado ao seu lado no ônibus? O individualismo do sistema irracional que não permite o desenvolvimento da percepção em relação ao mundo além do umbigo. Um mundo superficial. A perda dos valores humanos. Passos iguais, movimentos mecânicos, a padronização humana. Quando todos somos produtos, quando todos somos marionetes do fabuloso espetáculo da modernidade, quando tudo o que poderia ser emancipador é englobado pela gulosa ameba das técnicas. É apavorante ter consciência de que fazemos parte de uma auto-destruição. Seria o fim das utopias, seria o fim da história e não há porquê lutar. Esse seria o discurso do malvado monstro que determina nossas vidas, para que sintamos a incapacidade na sua forma mais plena. Discurso forte, discurso lógico. Mas ele se esqueceu de que discursos racionais não têm a força da sensibilidade humana.

* Texto escrito em 2005

2 comentários:

Rebeca H. disse...

e qdo uma pessoa camufla sua identidade com técnica e vira uma empresa? ou pior, quando ela se engana e vira e mexe repete a frase: "nunca mais vou me iludir". tem muita gente que não quer ser humano. mas quer outro ser-humano. só pra brincar um pouquinho de bumerangue...

Marcelo Fonseca disse...

A meu ver em minha humilde percepçao morremos um pouco a cada dia. Por deixar o indiviudo que somos ser esmagado pela massa caótica, no baião da maioria.Todos querem ser belos, aceitos e bem sucedidos e a isso renunciamos ao que temos de mais belo, nossa auteridade dentro do grupo...O equilibrio de forças na dança do individuo/coletivo esta descalibrada, ou fechamo-nos demais em nosso microcosmo ou aceitamos tudo como um exercito de lemingues rumo ao abismo...Como sempre repito, apanhamos para aprender, e sei que posso estar redondamente enganado neste comentário, afinal o que é passional foge ao controle do racional e as paixoes estao dentro de todos nós.
A resposta do enigma da esfinge esta no equilibrio? Nao sei, mas é bom parar e pensar nisso tudo.Belo texto.

beijo.